sábado, 26 de novembro de 2011

Mairi Mackenzie

A moda constitui um espelho das sociedades nas quais ela existe. Seja como fenômeno cultural, seja como negócio altamente complexo, reflete as atitudes sociais, econômicas e políticas de seu tempo.
Diferentemente das vestimentas étnicas ou cerimoniais, a moda caracteriza-se pela mudança contínua e inexorável. Está sempre evoluindo, guiada não pela necessidade, mas por um intricado sistema no qual a distinção social, novidades nas indumentárias e considerações econômicas compelem à mudança. Isso não significa, porém, que a moda seja uma frivolidade impulsionada por um sistema econômico amoral e mergulhado na vaidade. Tampouco se pode dizer que ela influencia somente aqueles que escolhem participar dela.
O estudo da moda é inclusivo. Não se limita ao mundo seleto da alta-costura, das grifes de estilistas, de revistas luxuosas. As complexas questões econômicas, políticas e culturais associadas à produção e ao consumo de modismos causam impacto em todos os setores da sociedade. Avanços na produção de vestuário foram catalisadores da industrialização, para a urbanização e para a globalização que vem definindo a era moderna. Da mesma forma, a moda está integrada à construção e à comunicação das identidades sociais, ajudando a delinear a classe, a sexualidade, a idade e a etnia de quem a usa, além de expressar as preferências culturais individuais. Os avanços na moda, bem como as frequentemente radicais reações públicas a eles, sinalizaram e ajudaram a abordar (e até a erradicar) preconceitos arraigados contra mulheres, comunidades gays e lésbicas, jovens, minorias étnicas e classes trabalhadoras. [...]

MACKENZIE, Mairi. ...ISMOS: para entender a moda. Editora Globo, p. 06.

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